Cólica no bebê: o que pode ser?

Você já ouviu falar na “regra dos 3”? Não a da matemática. É uma antiga teoria sobre cólicas em bebês em fase de amamentação. Dizia que elas começavam com 3 semanas de vida, aconteciam 3 vezes por dia, em 3 dias da semana e duravam de 3 semanas a 3 meses.

Sim, pode ser assim mesmo. Mas pesquisas já mostraram que a duração pode ser um pouco maior ou menor.

Como saber se o bebê tem cólica?

As cólicas podem acontecer à tarde ou à noite. A principal forma de reconhecê-las é o horário do choro. Quando o bebê encolhe e estica as pernas, deixa as costas em arco e fecha as mãos, pode também ser sinal de cólica. Vale também ficar atento quando a barriga dele está inchada e solta gases.

Por que isso acontece?

Nos primeiros meses de vida, o sistema digestivo não está bem desenvolvido. Assim, é difícil processar bem os alimentos, mesmo quando o bebê só pode tomar o leite da mãe. É daí que vêm as cólicas. Aliás, justamente por isso, bebês prematuros têm mais chance de tê-las.

Há ainda outros fatores que podem aumentar o risco. É comum, ao mamar ou chorar muito, que o bebê engula ar. Como a respiração e a capacidade de engolir ainda não estão bem coordenadas, as chances de cólicas aumentam. Alergia ao leite da vaca, intolerância à lactose e lugares agitados também podem ser gatilhos.

Vale ainda observar os fatores relacionados à flora intestinal, o conjunto dos micróbios do intestino. Esses micróbios têm papel importante na digestão, absorção de nutrientes e nas defesas do corpo.

Vejamos agora alguns fatores que podem influenciar no surgimento de cólicas.

Tipo de parto

Bebês que nascem de cesariana têm mais chances de ter cólicas. Isso acontece porque o local do parto é estéril, e assim o intestino vem pobre em micróbios bons. Um estudo publicado em 2019 mostrou que os bebês nascidos de parto normal haviam recebido a maioria das bactérias da mãe.

Amamentação

O leite materno pode gerar cólicas, por ter um alto nível de lactose. Vale lembrar que esse líquido tem três fases. É na última delas que se produzem enzimas que quebram a lactose. Por isso, recomenda-se que o bebê tome todo o leite de uma das mamas antes de passar para a outra.

É bom também ficar atento à alimentação por fórmulas. O leite materno contém micróbios bons para o intestino (probióticos) e substâncias que estimulam a ação deles (prebióticos). Mas a maioria das fórmulas só tem os prebióticos. Assim, elas não enriquecem a flora intestinal.

Se não puder amamentar, a mãe deve ver com o pediatra se pode usar alguma fórmula com prebióticos e probióticos. Pode também discutir se é possível usar suplementos de probióticos.

Hábitos na gestação

Alguns hábitos durante a gravidez podem ser fatores de risco para cólicas. Por exemplo, o uso de antibióticos mata as bactérias boas. A mulher só deve tomá-los com acompanhamento médico.

Também o estresse pode ser um gatilho. O que acontece é que há uma parte do sistema nervoso que atravessa o tecido do estômago e o sistema digestivo. E o estresse prejudica a comunicação entre essa parte e o sistema nervoso central.

Ambiente familiar

Ainda na questão do estresse, é perigoso que ele esteja no ambiente familiar em que a criança está inserida. Até por isso, o carinho e o aconchego da família ajudam bastante.

Merecem destaque também a ansiedade e a angústia da mãe. São dois sentimentos que podem deixar o bebê inquieto. Daí, na hora de mamar, ele solta mais ar e mais gases. Isso pode causar dores.

Alimentação da mãe

Alguns alimentos provocam gases, favorecendo que apareçam as cólicas. Entre eles, brócolis, couve, pimentão, pepino, nabo, feijão, lentilha, ervilha e chocolate.

Se aparecer algum sinal de cólica no bebê, a mãe deve diminuir esses alimentos. É possível comer uma porção a cada refeição, em vez de tudo em uma mesma. Mas, se isso não funcionar, pode ser preciso evitar os alimentos nos primeiros 3 meses de amamentação. Passado esse tempo, a mãe pode voltar a comê-los, conferindo a reação do bebê.

Existe remédio?

Em primeiro lugar, lembre-se que é normal seu bebê ter cólicas. Elas fazem parte da formação do sistema digestivo. Não há um remédio “mágico” para curá-las.

Mas existem algumas medidas que podem diminuir a duração das cólicas. Probióticos e remédios para gases podem ajudar, se indicados por um especialista.

É melhor evitar misturas de ervas e remédios à base de plantas. Bolsas e panos com água quente merecem cuidado, para não haver risco de queimaduras.

Para terminar, uma dica que você já conhece: nada de remédios caseiros ou sem receita médica. Isso pode trazer vômito, engasgo, diarreia e até intoxicação.

É bom se cuidar desde cedo!

Fonte de referência: BBC News Brasil, Tua Saúde

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