Endometriose – Bate Papo com a Dr.ª Patrícia Cunha Pereira

Primeiramente, a endometriose é uma doença muito comum. Principalmente nas pacientes mulheres do Hospital Maternidade Alto Maracanã, uma unidade da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. Mas você sabe o que é essa doença? A Dr.ª Patrícia Cunha Pereira é ginecologista e obstetra do HMAM. Em mais um Bate Papo Saúde, disponível no canal da ISCMC no YouTube, ela tira várias dúvidas.

O que é endometriose?

Assim como explica a Dr.ª Patrícia, é quando a pele que envolve o útero por dentro aparece em outras partes do corpo. “Então a paciente vai ter essa pele em outras regiões, como intestino, bexiga, tubas uterinas ou mesmo o ovário”, diz ela.

E o que é isso na prática? A médica conta que são dois os principais sintomas. Um deles são as dores na região do quadril, sobretudo próximo ao período da menstruação. O outro é a dificuldade para engravidar. Seja de forma espontânea ou natural.

Segundo ela, trata-se de uma doença que não mata, mas reduz a qualidade de vida da paciente. “Sendo uma doença crônica, pode aumentar nosso peso, porque não realizamos exercícios físicos e a alimentação não está adequada”, explica.

Com relação à idade, ela explica que a doença é frequente em mulheres que menstruam. “Então podemos falar em uma frequência maior em mulheres de 20, 30 e 40 anos. Essas sim, vão sofrer mais com os sintomas e ser mais diagnosticadas”, diz.

De onde vem a doença?

A princípio não existe um consenso sobre a origem da endometriose. “Nós temos três teorias mais aceitas. Sempre falo para as pacientes que, se temos três origens, é porque na verdade ainda não temos nenhuma 100% aceita”, comenta a Dr.ª Patrícia.

Segundo ela, a mais aceita dessas três origens é o caminho inverso da menstruação: ao invés de sair pela via vaginal, o fluxo retornaria à região do quadril. Isso aumentaria as chances de aparecer pele do útero no local.

A segunda teoria tem a ver com a imunidade: o sistema de defesa não consegue impedir que apareçam células da pele do útero em outras regiões. Por fim, a terceira diz que pode haver uma falha antes mesmo do nascimento: em vez do útero, as células podem se formar em outros lugares não convencionais.

Como descobrir?

De acordo com a doutora, o grande problema da endometriose é a demora no diagnóstico, bem como no tratamento. “Hoje em dia, com o advento dos exames de imagem e ultrassons um pouco mais modernos, conseguimos perceber a doença nas mulheres”, conta.

A médica explica ainda que o principal método é o ultrassom para mapeamento. “É um pouquinho mais específico, feito por especialistas e deve ter um preparo intestinal prévio. Não é um ultrassom comum, então é muito normal as mulheres chegarem ao consultório e falarem: ‘doutora, eu realizei vários exames e nunca me falaram que eu tinha endometriose.’ Mas talvez você não tenha feito o exame específico, que é o ultrassom para mapeamento ou mesmo a ressonância magnética, que também é um exame muito importante”, comenta.

Como é o tratamento?

A endometriose não tem cura. Por outro lado para tratá-la, o médico pode acompanhar os hábitos da paciente. “Qualidade da alimentação, exercícios físicos, tudo isso com certeza vai aumentar a qualidade de vida e melhorar os sintomas”, diz a Dr.ª Patrícia.

Ainda sobre o acompanhamento, a médica sempre diz que depende da fase da vida da mulher. “Depende muito se estou na frente de uma adolescente que não quer ter filhos, uma que está tentando engravidar ou uma que está próxima à menopausa. Desta forma, o tratamento vai mudar de acordo com a queixa dessa paciente”, conta.

Ela explica também que remédios como os anticoncepcionais ajudam a aliviar as dores. “Agora, pacientes que mesmo com medicação não têm controle da dor, essas sim, são candidatas a fazer cirurgia”, avisa.

E como é a cirurgia? Como conta a doutora, o método usado é sempre a videolaparoscopia: uma câmera que entra no umbigo e três pequenos cortes perto da linha do quadril. “Do ponto de vista estético, quando falamos de mulheres jovens, é algo muito favorável mesmo. É uma cirurgia minimamente invasiva”, comenta.

Como evitar?

Segundo a Dr.ª Patrícia, não há nada que se possa fazer para prevenir a doença. “Então, o que nós podemos fazer é: uma vez que se tem essa doença, eu posso tratar, mas não tenho nenhum artifício para prevenir”, diz ela.

Nunca é demais lembrar: informe-se. Se acha que pode estar doente, converse com seu médico e saiba mais sobre seu caso.

Fonte de referência: Sérgio Franco

Sobre o autor

Você também pode gostar destes

Pular para o conteúdo